CIRANDA, CIRANDINHA...
Suas pernas se moviam de um lado para o outro, aparentava estar dormindo, mas por estes movimentos, podia-se deduzir que fingia. Fingia porque doía menos do que, de fato, olhar para a realidade que a cercava. Vestindo um gorro, chinelos, meias que abraçavam seus pés inchados, queixava-se de frio. Se remexia inteira, parecia cantar em sua mente uma música tranquila e doce, que a fazia fechar os olhos e sorrir. O ritmo de seu remelexo era o mesmo, o que me fazia confirmar que ela estava numa espécie de ritmo repetitivo em seu cérebro tão ocupado ou tristonho. Indaguei-me o que esta senhora tinha feito antes de eu encontrá-la naquele estado numa noite de novembro, com cheiro forte de urina amarela de dias passados. Abriu os olhos. — Que frio! Muito frio! Ah! - Gemeu. Me questionava se eu não sentia o mesmo, me fitando com aqueles olhos caídos. Eu a respondi dizendo que não, e que estava apenas de calça porque era costume. Ela desviou o olhar, passou a ver aqueles prédios eno