Ah, doce vida



Esta pode ter sido a primeira foto em que eu estive na vida. O primeiro registro da minha existência neste tão grande mundo que já existe a tanto tempo, e que continuará existindo depois da minha partida. Sempre me pego analisando algumas fotos antigas, e me espanto com a velocidade que o tempo gosta de brincar. Me lembro muito bem de alguns momentos da infância, como num jogo em primeira pessoa, no qual eu sou o protagonista. Quando eu nasci, o mundo ainda era analógico, mas já fazia a transição para um pré-digital. Redes sociais já existiam, internet já existia, celulares já existiam, computadores então... Tudo já estava aqui, só que de modo jurássico. Eu observei e consumi tudo o que o mundo produzia, e usufruí de muitas coisas criadas para mim, e que foram mudando com o passar dos anos e da mudança de fases. Até chegar o momento da minha própria produção, e de mostrar ao mundo a minha voz. 

A gente não é nada neste mundo. E isso é muito bom. Porque nos dá liberdade de fazer muita coisa sem medo do julgamento alheio. Desde que você se liberte das correntes enquanto está vivo. Não ligar para o que os outros pensam e ser motivado pelo que você ama é o que eu guardo para mim. O meu jeito de ser, o meu gosto, minha personalidade, é e foi moldado por quem eu fui até então, e tentar mudar isso é negar a minha própria existência a fim de tentar entrar num padrão tediante e repetitivo que as pessoas insistem em entrar. Eu só tenho esta vida e não quero perdê-la tentando me encaixar em lugar nenhum ou provar nada para ninguém a não ser para mim mesmo. 


Nada lembro de acontecimentos antes de eu nascer e de nada saberei depois da minha morte, então o importante para mim é o agora. Muito me preocupei com o que faria no futuro, ou o que faria depois de amanhã. Eu tenho meus planejamentos, claro, eu tenho metas. Mas eu não preciso ficar paranoico com o que pode acontecer, porque o destino não cabe totalmente a mim. Tudo pode acontecer e mudar de um dia para o outro. Precisamos aprender a viver com o inesperado. Imagine se todo dia fosse igual. Que tédio seria viver.


Algumas pessoas me perguntam porque eu sou tão animado. Eu acho que é isso. Eu acho que é o desejo de fazer o melhor para mim enquanto há tempo. Eu me sinto feliz sendo quem eu sou e o que eu faço. Fiz boas escolhas, sei porque colho bons frutos. E colherei ainda depois. Justamente por saber que as coisas não vão mudar, e que eu só posso mudar a mim mesmo, não me deixo abater ou me estressar por pouca coisa ou o que eu julgo ser 'besteira'. Acho que não vale a pena. 


Ah, aconteceu uma situação muito chata, de tal pessoa te falar alguma coisa que você não gostou ou te magoar. Eu tento conversar com essa pessoa, explico para ela que talvez a forma que ela agiu não foi legal, mas se ela insistir, eu deixo ela ir


Eu não sei se isso é uma visão muito pessimista, mas eu não sei se as pessoas podem mudar tanto. Esperar a mudança de alguém é algo cansativo e desanimador, ainda mais se a pessoa se recusa a mudar. Insistir para alguém que agora são duas da tarde e a pessoa teimar que são duas da manhã, independente do que aconteça, é desgastante e desnecessário. Talvez a verdade seja relativa. Ou talvez esta pessoa só mora com outra verdade. Podemos viver no mesmo lugar mas morar em dois mundos diferentes, com duas verdades diferentes. O respeito é fundamental aqui, entender que há limites. Isso não acontece. 


Nem tudo na vida precisa de resultados bons. Não somos máquinas e erramos ao pensar que devemos funcionar como empresas, fazendo apenas o que nos dá "lucro". 


Eu sempre tive a paixão de criar conteúdo para a internet, de aprender línguas, de sair e conhecer lugares novos. De viver o novo. De ouvir as minhas músicas que minha mãe diz que são de velho. Eu crio conteúdo desde quando eu era criança. 




E de todos os conteúdos que criei, a única coisa que me trouxe resultado foi o Talkmma, com dicas de inglês. Fora isso, nada do que fiz antes deu resultado expressivo ou efetivo. Nunca achei a fórmula do vídeo perfeito, mas eu sempre gravei o que eu tinha vontade de gravar. Mesmo sem muita audiência, eu fui muito feliz na época que criava vídeos para o AllissomNoYT. Bobo eu fui quando decidi deixar de produzir os vídeos, "já que ninguém via, não faz diferença". De fato, não mudou a vida de ninguém, a não ser a minha. Eu deixei de documentar fatos importantes da minha existência em vídeo. 




Eu tenho ainda muitos vídeos guardados da minha adolescência. Assistir a esses vídeos é me fazer lembrar da música que eu ouvi no dia, como estava decorado o meu quarto e o perfume que eu usava naquela época. É me teletransportar para um momento da minha vida em que eu errei e acertei, e que não devo fazer o mesmo para não perder o meu tempo com eventos antigos.


Acho que fazer as coisas para mim é o melhor presente que posso me dar enquanto vivo. É ir em algum lugar para mim, quando preciso ir, sem depender de alguém, é ter uma atividade de interesse que mesmo se parecer estranho para outra pessoa, e me fizer feliz, eu devo manter. Aproveitar o momento em que eu estou aqui, pois a certeza que tenho da minha primeira foto, não é a mesma da que terei sobre a minha última. No final das contas, é tudo sobre mim e para mim.


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