Conversa entre ninguém e nada
Quarta-feira, algum dia de agosto de dois mil e alguma coisa. Quatro funcionárias da limpeza de uma escola se encontram no refeitório, já que seu horário de entrada é às nove e meia. O relógio marca nove e quinze, e todas as quatro, sempre adiantadas, já estão presentes. Edileuza, a mais antiga, já está na empresa há sete anos. É uma senhora de sessenta e oito anos, e ninguém sabe ao certo se já está na idade de se aposentar ou não, considerando as constantes reformas na previdência. Há também a Lúcia (dois anos de empresa, a mais jovem de todas), Carla (recém-chegada, uma mulher madura e bonita) e Ângela, que mal consegue se manter em pé. O relógio marca nove e dezesseis. Lúcia comenta: — Ah, que calorão fez no último domingo — disse ela, enquanto mexia em suas redes sociais. Depois disso, não disse mais nada, tomou seu chá e olhou para o sol, que brilhava fortemente naquela manhã. Minutos depois, antes das nove e dezenove, Edileuza comenta: — Ah! — exclamou. — Tenho que ir ao m...